“Mas escolher dizer ‘adeus’ todos os dias da vida, na mesma hora, como dever a cumprir, uma rotina, uma missão!”
REVISTA VICEJAR – LITERATURA ( Crônica )
Do adeus que é um até breve, um desejo de bom dia, boa tarde, boa noite! Assim ouvi esse adeus, em diversas formas nas ruas e cafés de Lisboa.
Fazendo lembrar do adeus que muitos, e também eu, dissemos aos nossos. E tantos outros mundo afora, em meio a guerras e despedidas, amores e desamores.
O The End na tela de cinema, a acenar nos aeroportos, portos, rodoviárias e beiras de estradas. Ele está presente em todos os lados, entre todas as mãos que acenam, entre os corações que se despedem.
Mas escolher dizer “adeus” todos os dias da vida, na mesma hora, como dever a cumprir, uma rotina, uma missão! Era o que fazia aquele velho jovem homem de setenta e tal anos, escapar à solidão – já dizia ele!
Assim sendo; Acenava... acenava... acenava e dizia adeus a todos na praça Duque do Saldanha.
A solidão, por desabafo meu, perdoem a franqueza das palavras: É a loucura de quem se expressa a um monstruoso fantasma cheio de desejos insaciáveis. Sim, desejo de companhia.
Ao contrário do solitário, a solidão quer companhia. O João era o solitário, a acenar para a solidão, para que ninguém se sentisse só, ou atormentado pelo fantasma envolto em si.
Seu adeus dizia muito, dizia tudo que precisavam sentir.
Seu adeus sorria fervorosamente, uma felicidade que preenchia:
O cansaço do pai...
A saudade da mãe...
A invisibilidade do estrangeiro...
A invalidez do silêncio...
O grito da liberdade...
Liberdade de dizer “adeus”, como forma de um seja bem vindo...
Eu gosto de ti,
És importante,
Tive saudades tuas,
Fazes falta,
Perdoa-me,
Estou de partida, mas não tardo voltar!
Tudo isto num simples gesto de acenar a mão e dizer “adeus”.
O João fora todas as formas de o dizer...
E eu duvido muito, assim como eu, que tive a oportunidade de muitas vezes lhe acenar a mão nas madrugadas frias de Lisboa. Quem hoje não dê valor a um adeus... um até breve... um até já!
A missão do João foi de acenar a mão e mudar a vida de pessoas que talvez nunca mais viria a conhecer. Nunca fora uma estrela, nem um artista num palco principal, mas ficou na história de quem com ele aprendeu o real significado da palavra “Adeus”.
TEXTO: Flaviane Borges
FACEBOOK: Depois-daqueles-dias
Flaviane Borges Gomes, nascida aos 25 de setembro de 1981, em Dom Cavati, interior de Minas Gerais. Completou seus estudos na Escola Estadual Profa. Ilma de Lana Emerik Caldeira, em 1999. Despertou gosto pela escrita desde muito cedo, embora tenha um vasto material escrito, dentre poesias, frases filosóficas, textos e afins, o que fez por amor à escrita em seus momentos sós. Participou da Antologia "Arte em Poesia", pela Editora Sol. É autora da "Página depois daqueles dias", que leva o nome do seu primeiro livro a ser publicado em breve. Hoje luso-brasileira, reside em Portugal, onde continua sua jornada no mundo da escrita.
_______________________________________________________________
A articulista atua como Colaboradora deste Blog e o texto acima expressa somente o ponto de vista da autora, sendo o conteúdo de sua total responsabilidade.
Lindo texto minha querida amiga !! Parabéns.
ResponderExcluirAnimo hermano estamos todos con una mano de despedida , pero con la oracion puesta en labios cada hora,creo que es la fuerza de la Fé, esto pasara y seremos una comunidad mas unida, un abrazo en la distancia
Excluir