“Sim, porque escrever é conversar. É debater sobre as utilidades e as futilidades.”
A cor do mundo vem das palavras, das linguagens, das ideias. Da mesma forma que são elas que dimensionam o seu tamanho e a sua grandeza. Colocadas com o cuidado devido, de carreirinha, uma atrás da outra, elas trazem a silenciosa companhia que dialoga sobre a diversidade da vida em dias de chuva ou de sol.
REVISTA VICEJAR – LITERATURA ( Crônica )
Pode ser que uma folha de papel em branco ou uma tela de computador cause certo desconforto em muita gente. Afinal, quem disse que essa não pode ser uma maneira sutil de coagir uma pessoa a manifestar a expressão de suas ideias?!
Particularmente isso não acontece comigo. Escrever me dá asas, como se as palavras pudessem registrar a transcendência de todas as emoções e sentimentos que não cabem em mim. Parecido com a lágrima, decorrente do choro, a expressar a intensidade daquilo que preenche e, ao mesmo tempo, incomoda a alma de maneira perturbadora. Por isso agradeço a oportunidade da alfabetização e do letramento.
Particularmente isso não acontece comigo. Escrever me dá asas, como se as palavras pudessem registrar a transcendência de todas as emoções e sentimentos que não cabem em mim. Parecido com a lágrima, decorrente do choro, a expressar a intensidade daquilo que preenche e, ao mesmo tempo, incomoda a alma de maneira perturbadora. Por isso agradeço a oportunidade da alfabetização e do letramento.
A cor do mundo vem das palavras, das linguagens, das ideias. Da mesma forma que são elas que dimensionam o seu tamanho e a sua grandeza. Colocadas com o cuidado devido, de carreirinha, uma atrás da outra, elas trazem a silenciosa companhia que dialoga sobre a diversidade da vida em dias de chuva ou de sol.
Conversa boa que nos faz esquecer o tamanho do dia, das obrigações, do cotidiano, da rotina, alargando as perspectivas, os olhares, as fronteiras além de si mesmo. Sim, porque escrever é conversar. É debater sobre as utilidades e as futilidades. É discutir os interesses e as desimportâncias que existem por aí. É refletir além do raso, das dicotomias, das imprecisões.
Como se vê não faltam motivos para uma boa escrita. Boa no sentido do prazer e da liberdade que proporciona; não, necessariamente, de aspectos técnicos ou linguísticos. Porque, antes de tudo, escrever é um ato que demanda prazer, uma genuína satisfação que aquece os sentidos.
Escrever começa em alguém e termina em uma coletividade inestimável. Nunca se sabe, com precisão, onde é que aquelas palavras irão chegar. A quem elas irão tocar. Nem de que forma. Nem com qual intensidade. Nem, tampouco, como serão aprendidas e apreendidas. Muitas alicerçam pontes. Outras queimam. Muitas inspiram. Outras conspiram. Muitas pacificam. Outras rebelam. ... Por isso escrever é tão desafiador.
Tornar-se escritor (a) é, portanto, um risco a se correr. Na semente da ficção, do imaginário, há sempre a presença da subjetividade autoral; ainda que a metáfora tente dissimular. Tal qual uma marca d’água, uma impressão sem digital, há um jeito todo particular de expressão que entrega a indubitável e própria potencialidade e habilidade contidas naquela escrita.
Não é à toa que alguns tendam à prosa e outros à poesia. Que uns façam rir e sonhar, enquanto outros fazem chorar e pensar. Sei lá, escritor (a) e palavras estabelecem um tipo de simbiose linguística muito peculiar. Um certo tipo de relação de amor e ódio, de cumplicidade e de entrega, que resulta em tecidos textuais delicadamente resistentes, discretamente exuberantes e, não raramente, polidamente provocativos.
De modo que, talvez, seja esse contínuo movimento, o grande responsável por retroalimentar a inspiração. Tudo se transforma em pretexto. Em tudo existem palavras; ditas, não ditas, mal ditas... mas, que exigem se registrar. E um escritor, ainda que em potencial, não pode, não deve e, certamente, não quer deixar a oportunidade passar em branco. Então, escreve.
Sem se dar conta, um dia esse escritor (a) se pergunta onde tudo começou, porque decidiu escrever. Uma ideia aqui, outra ali; mas, não bate o martelo sobre a versão real. Só sabe dizer que a escrita virou vício, terapia, ocupação, realização,... alegria.
Tornar-se escritor (a) deu sentido à vida, ao mundo, as palavras que sufocavam que angustiavam o seu espírito. Tornar-se escritor (a) fez romper um casulo, fez surgir uma borboleta, fez o céu expandir os limites, fez a tristeza menos pesada e mais translucida; enfim, fez a vida bem mais interessante. E não é que, por tudo isso, ele (a) acaba conquistando um dia especial no calendário! Vambora, então, comemorar!
TEXTO: Alessandra Leles Rocha
BLOG: emprosaeverso-alr
Alessandra Leles Rocha é natural de Uberlândia, Minas Gerais. É Bacharel em Ciências Biológicas, Mestre em Geografia (Área de Concentração: Análise, Planeamento e Gestão Socioambiental) e Graduada em Letras – Habilitação em Inglês e Literaturas de Língua Inglesa, todos pela Universidade Federal de Uberlândia. Passou a dedicar-se à literatura, a partir do segundo semestre de 2004, publicando seus textos na Internet. A partir de 2006, tem sido classificada em concursos literários e recebido várias premiações. Foi agraciada com diversos títulos, certificados e diplomas como membro de entidades voltadas para as áreas cultural e literária. Atualmente, dedica-se aos seus Blogs, o http://alrocha-antenacultural.blogspot.com.br/ (Educação, Cultura e Cidadania) e o https://emprosaeverso-alr.blogspot.com/ (Literatura e a Linguística); bem como, colabora com o site Para Ler & Pensar e o Portal Mhario Lincoln do Brasil.
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