“O tempo corre na velocidade da vida. O dia se encerra e os sinos da matriz competem com o som da televisão.”
REVISTA VICEJAR – LITERATURA ( Crônica )
_____Da estante, o Aurélio me espreita entre a pilha de livros e revistas que, desatento, folhearei em algum momento. Ontem aprendi: o que faço, todos os dias, se chama solilóquio. No quarto, a caminho do trabalho, no chuveiro...
_____O cheiro de fritura brinca na casa. Junta-se, traquinas, ao ruído do liquidificador só para me desarvorar. As batatas e a noite fria após o chuvão da tarde tiram minha atenção: até perdi o verso que mentalizei ainda a pouco e, por preguiça, não escrevi. Não sei se sou um poeta preguiçoso ou um preguiçoso poeta. Oh dúvida à la Teorema de Tostines!
_____Choveu granizo em São Geraldo: vi no Facebook. Alguém alertou para tomar cuidado com árvores caídas na estrada. Por pouco o toró não me pegou na Dr. Lelé... Aquele garoto que corria feito um corcel, com certeza, tomou um gostoso banho. Daqueles que encharcam não só o calção mas, e principalmente, a alma... Não tenho mais idade para tais proezas, embora desejos não me faltem.
_____O tempo corre na velocidade da vida. O dia se encerra e os sinos da matriz competem com o som da televisão. O vento castiga as janelas: vem mais chuva aí. A âncora do telejornal, enfadonha, repete estatísticas sobre leitos de UTI e números de mortes de COVID-19, comenta o andamento da vacinação e a nova sandice vinda do planalto central...
_____Vem mais chuva aí, repito. Solilóquios, sussurra-me o Aurélio.
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