“O despertar da consciência traz-nos leveza, aceitação, perdão, e nos remete à nossa essência, ao primordial.”
REVISTA VICEJAR – LITERATURA ( Crônica )
_____Todos procuramos ou desejamos uma fórmula milagrosa, o segredo da felicidade, pura alquimia... Deveríamos de nos perguntar antes, o que desejamos realmente na vida?
_____Porque ao longo dela mudamos tantas vezes de perspetiva, tanto quanto for o nosso crescimento, a nossa evolução. Em crianças, apenas precisamos saciar nossas necessidades básicas e afetivas, barriguinha cheia e um colo de mãe, e tudo é perfeito e tudo nos basta.
_____Mas ao longo da vida, a sociedade nos vai incutindo que necessitamos de mais. Somos conotados pelas posses pessoais, pelo canudo que possuímos e até pelo nosso corpo. E levamos uma vida de exigências, sacrifícios, provações, não por real necessidade, mas para provar a outrem, para nos sentirmos incluídos no meio em que vivemos.
_____O despertar da consciência traz-nos leveza, aceitação, perdão, e nos remete à nossa essência, ao primordial. Nos conecta de volta com a natureza, com valores morais e reais, com a simplicidade, o desapego. Que queremos nós então realmente da vida? Uma boa casa, um bom automóvel, viagens, luxos...
_____Tudo é permitido em equilíbrio, tudo é permitido sem dependência. Mas estas coisas fazem-nos realmente felizes? Os custos que por vezes acarretam serão realmente necessários? Para quem, por quem?
_____Amor (calor humano), paz (de espírito)... não se compra, cultiva-se. Quantos de nós trocávamos um jantar de luxo seguindo a etiqueta, por uma simples sandes num banco de jardim de pernas cruzadas acompanhada com risadas.
_____O que amamos realmente? Família? Companheiro? Sim... Mas vamos mais fundo, além disso, o que amamos?
_____Eu, por exemplo, amo andar descalça, uma chávena de café ao fim da tarde a ver o pôr do sol, o riso dos meus filhos quando os surpreendo, ouvir uma música antiga na rádio e soltar a voz bem alto e a acompanhar, sentir o sol no rosto e fechar os olhos... coisas tão pequenas, mas amo. Obrigada vida...
_____Tudo tem outra perspetiva, sem nunca claro, descurar o necessário à existência. Façamos em nós esse exercício ao longo dos dias, prestemos atenção ao simples, ao belo e saibamos passar esse olhar ao próximo. Porque aí sim, tudo valerá a pena, e seremos infinitamente mais felizes...
TEXTO: Ana Acto
FACEBOOK: http://www.facebook.com/anaacto
Ana Acto, nasceu a 5 de abril de 1979 em Tomar, Portugal. Abriu em 2018 nas redes sociais uma página de autora com o seu nome onde partilha a sua escrita em poesia, prosa poética e reflexões. Escreve-nos sobre a vida, e sobre o amor em todas as suas vertentes, romantismo, perda, esperança e sensualidade. Participante ativa em saraus e tertúlias poéticas e coautora em mais de vinte obras coletivas. Lançou em 2020 o seu primeiro livro de poesia, intitulado “NUA”. Para além do gosto pelas letras, tem diversas formações em terapias holísticas e alternativas.
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