“Quantas vezes gritamos
E nos dilaceramos
Com fome de compreensão...”
REVISTA VICEJAR – LITERATURA ( Poesia )
Que dizeis vós?...
Mas que tristes seríamos
Os homens, nós…
Sem sensações
Sem castas ilusões
Sem dores nem penas
Senhores de palavras pequenas
Ditas sem mestria
Ao sabor do vento e da cobardia!
Não...
Nós, homens, também sentimos
Sempre que nos partimos
Na errada fé que nos abandona.
Nas calhas da vida devastados
Olhares transfigurados
Que nos deixam a alegria
Sem forças para um novo dia.
Também sofremos
Tememos
As trevas do mundo
Sem fundo.
O vazio que o amor deixou
E o silêncio que ficou
Em nós abandonado.
Cegos, surdos e desprezados
Quantas vezes gritamos
E nos dilaceramos
Com fome de compreensão
De quem sem razão
Nos maltrata
Nos mata
A luz desta vida
Que juramos para sempre perdida
Nas ruas do coração.
Destilamos na saudade
Como se não houvera essa vontade
De também sermos
Sem nos perdermos
Absolutos amantes
Em delicados instantes
Nos braços de uma mulher
Que foge e não sabe que fere
Sem dó nem piedade
E nos faz perder a esperança
Dessa terna aliança
De um amor de verdade.
Sofremos pelo irmão, pelos filhos doentes
Os nossos pais e parentes
Com um medo incondicional
Dentro de nós sem igual
Que o dedo nos apontem
À incapacidade de ser homem.
Não...
Não digam vocês
Mesmo com razões ou porquês
Que um homem não chora
Quando exigem de nós
Desde o tempo dos nossos avós
Um escudo de proteção
Para os que nos vivem no coração.
Porque não é fácil ser asa
A proteger a sua casa
E na batalha e na dor
Ser com o mesmo fervor
Abraço que acalma
Ter sorriso e ter alma
Ter uma força maior
Por aqueles que se adoram.
Sim, os homens...
Sabei vós
Que os homens também choram.
TEXTO: Paula Freire
FACEBOOK: https://www.facebook.com/su.lima834
Natural de Lourenço Marques, Moçambique, reside atualmente em Vila Nova de Gaia, Portugal. Com formação académica em Psicologia e especialização em Psicoterapia, dedicou vários anos do seu percurso profissional à formação de adultos, nas áreas das Relações Humanas e do Auto-Conhecimento, bem como à prática de clínica privada. Desde muito cedo desenvolveu o gosto pela leitura e pela escrita, tendo colaborado regularmente com publicações em meios de comunicação da imprensa local. O desenho foi sempre outra das suas paixões, sendo autora das imagens de capa de duas obras poéticas lançadas pela Editora Imagem e Publicações em 2021. Há alguns anos, descobriu-se no seu ‘amor’ pela arte da fotografia onde aprecia retratar, em particular, a beleza feminina e a dimensão artística dos elementos da natureza.
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A articulista atua como Colaboradora deste Blog e o texto acima expressa somente o ponto de vista da autora, sendo o conteúdo de sua total responsabilidade.
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