O Gigante Adormecido

“O gigante é pacífico, está ali apenas a observar, contemplando também os que o contemplam. É um pedacinho da minha cidade, do meu país, do meu planeta.” 

REVISTA VICEJAR – LITERATURA ( Crônica ) 

 

_____No caminho do colégio, eu sempre avistava uma montanha que tinha a silhueta de um homem deitado. Na verdade era o rosto que se mostrava. Enorme! E eu ficava imaginando o tamanho do corpo. Com certeza, iria além do alcance de meus olhos. Onde estariam seus pés?...

_____Todos os dias lhe cumprimentava com “bom dia”, olhava e admirava aquele homem/ montanha enquanto durava a viagem de ônibus até o colégio. Meus pensamentos iam longe e a imaginação fervilhava!

_____Ficava imaginando se um dia ele acordasse e levantasse. Muitas casas e edifícios seriam derrubados, postes, carros, toda a cidade seria transformada e destruída, como naqueles filmes de heróis e monstros que destroem a cidade para salvar a cidade. Mas ele jamais faria isso. O gigante é pacífico, está ali apenas a observar, contemplando também os que o contemplam. É um pedacinho da minha cidade, do meu país, do meu planeta.

_____Hoje eu tenho minha casa e minha família, e moro num edifício onde o avisto todos os dias de minha janela. E continuo olhando e admirando aquele gigante e lhe dando “bom dia”. E ele continua contemplando a vida.

_____Será que mais alguém reparou nele?...

  

 TEXTO: Valéria Rezende 
Valéria Rezende é carioca, doceira e poeta. Casada e mãe de um casal de filhos, a autora da Zona Norte do Rio de Janeiro lançou, em 2019, a antologia poética NEM TUDO O QUE VOA É PÁSSARO. E continua sua jornada literária em O CAMINHANTE NA POESIA DO TEMPO, lançado esse ano, onde reúne contos e poesias.
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