“Falemos da dor de sentir, da tristeza, do peso no corpo que tem que madrugar e passear pelas ruas enquanto a mente tenta enganar os passos.”
REVISTA VICEJAR – LITERATURA ( Crônica )
_____Poderia guardar todas as palavras que me fazem sofrer e sentir uma dor ardente no peito. Poderia rejeitar estas emoções que nos fazem crescer por dentro dolorosamente. Falo das palavras: morte, despedida por tempo indeterminado, saudade sem prazo de validade. Poderia calar a poesia triste e melancólica, mas seria perpetuar este estado de vida. Pergunto à vida porque fugiu de mim uma parte do meu nascimento subitamente? Queria curar esta ferida que teima sangrar a cada memória, a cada rua, a cada maré.
_____Guardar palavras, porquê? Falemos da dor de sentir, da tristeza, do peso no corpo que tem que madrugar e passear pelas ruas enquanto a mente tenta enganar os passos. Dói. A minha dor, a dor dos meus que sentem o que sinto e seguem iludindo os sentimentos.
_____Guardar palavras... não! Vamos escrever sobre o Amor que estendia os braços, o colo que amparava, a voz que se erguia. Vamos escrever sobre um herói que enfrentava as ondas sozinho em pequenas tábuas juntas, frágeis, sem temer partir. Vamos escrever sobre ti, pai, vezes sem fim. Sempre que apetecer exaltar a alegria das memórias ou a dor da saudade.
_____Guardar as palavras... não! Vamos escrever devagar, baixinho para ninguém ouvir as lágrimas, vamos dar às letras asas para voarem até a eternidade.
(Imagem ilustrativa do texto: Hugo Terra)
Comentários
Postar um comentário