“No horizonte, carros tornam-se objetos minúsculos, diante do corpo de pedras vestido ainda de verde. Desbravo cada lugar, que meu coração visita."
REVISTA VICEJAR – LITERATURA ( Crônica )
_____Afasto as cortinas dos meus olhos e permito a paisagem penetrar em mim. As serras que aqui vejo, aninham essa cidade, como uma mãe que aconchega um filho, entre seus seios quentes. Nessa lufada de vento, minha carne fria se aviva. Sente-se parte integrante, desse relevo desenhado com lapiseira de amor.
_____No horizonte, carros tornam-se objetos minúsculos, diante do corpo de pedras vestido ainda de verde. Desbravo cada lugar, que meu coração visita. Subo e desço ladeiras, fortifico minhas panturrilhas e também a esperança que vejo, nos sorrisos de teus moradores. Em cada esquina, teu sotaque revela o sabor de ser feliz. E é impossível ser infeliz aqui.
_____Das igrejas seculares, badalam as horas, anunciantes da minha breve despedida. Nas ruas pavimentadas de paralelepípedos, deixo meus passos impregnados, junto daqueles que clamaram por justiça, independência e poesia.
_____Sei bem, a liberdade é um sentimento que há de sempre caminhar contigo, Ouro Preto! Dos poetas árcades, reitero que minha musa maior é você. Poema a ser declamado durante as quatro estações do ano.
_____Ah, Ouro Preto! A tua solidão me acompanha. Nos teus mirantes, tu miras os homens e mulheres, casais apaixonados petrificam o amor em fotografias, dedilham em pensamento teus vales. E o pico do Itacolomi é um quadro vivo, criado por um artista maior.
_____De tantos casarões, as janelas e portas testemunham meus sentimentos por ti. No fim da tarde, o aroma de café flutua, convidando-me para nossa última prosa. Das arandelas coloniais, filetes úmidos de saudade sobem as calçadas e muros. Enquanto isso, o inverno sobrevoa e abraça os corações de quem te ama. Tento escrever sobre Ouro Preto, no entanto, é ela que se proseia, dentro de mim.
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