Vaga-lumes ou Fadas?

“Aquelas luzinhas apareciam do nada piscando e espalhando-se pelas plantas como purpurina... era mágico!" 

REVISTA VICEJAR – LITERATURA ( Crônicas ) 

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_____Morávamos numa casa que tinha um quintal com muitas plantas, aqui mesmo na cidade do Rio de Janeiro. Metade era cimentado, onde tinha o varal e tomávamos banho de mangueira, eu e minha irmã. A outra metade era terra fértil, o que se plantava, dava! Havia um abacateiro e várias outras plantas que nem sabia o que eram. Adorava pegar um pouquinho daquela terra, algumas folhas das plantas e colocar nas panelinhas, para brincar de comidinha. Claro que ninguém comia, era de mentirinha. Brincadeira boa, fazia até bolo de terra!

_____À noite vinham os vaga-lumes. Ficava observando e imaginando onde eles poderiam se esconder, pois eu procurava durante o dia e nada encontrava. Aquelas luzinhas apareciam do nada piscando e espalhando-se pelas plantas como purpurina... era mágico! E várias vezes questionei se não eram fadinhas disfarçadas! Estariam elas se divertindo? Ah, criança... sempre com a imaginação fértil, como aquela terra.

_____Cresci, casei, mudei, a casa foi vendida, muita coisa mudou na cidade e nunca mais vi um vaga-lume. Hoje, moro num apartamento e cultivo algumas plantas na varanda. Ainda são poucas, mas um dia faço da minha varanda uma floresta! Quem sabe um dia as fadinhas voltam...


 TEXTO: Valéria Rezende 

Valéria Rezende é carioca, doceira e poeta. Casada e mãe de um casal de filhos, a autora da Zona Norte do Rio de Janeiro lançou, em 2019, a antologia poética NEM TUDO O QUE VOA É PÁSSARO. E continua sua jornada literária em O CAMINHANTE NA POESIA DO TEMPO, lançado esse ano, onde reúne contos e poesias.
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