"No florescer das sílabas, pétalas que o vento sopra para perfumar alguns textos. As palavras ensaiam voar, aquecem rascunhos, espiam a solidão do lado de fora."
REVISTA VICEJAR – LITERATURA ( Crônica )
.Text written in Portuguese - Select a language in TRANSLATE >.
_____Há tempos que não escrevo, há tempos que as palavras seguem em silêncio. Adormecidas e residentes em minha caverna. Protegidas do frio, elas se recolhem, cerram seus olhos e se agasalham em ideias, que por sua vez, estendem suas mãos em benefício do meu consolo.
_____Com a ponta da caneta congelada, de vez em quando, pressinto a ânsia das palavras. Elas desejam ser matéria, produto final de uma prosa, que luta para ser mais um eco no mundo. No florescer das sílabas, pétalas que o vento sopra para perfumar alguns textos. As palavras ensaiam voar, aquecem rascunhos, espiam a solidão do lado de fora.
_____No entanto, não há primavera e eu as vejo desistirem, não querem desbravar parágrafos, preferem retornar, para o leito da caverna.
_____Por ora, eu pouco as obrigo a seguir essa crônica. O tempo é senhor da vida e a ele, repasso a hora, o átimo certo da ressurreição da célula maior da linguagem. Dito assim, também me proponho a ser um elemento cavernoso, selvagem e aprisionado pela escuridão, refém de um hiato, que por ele mesmo, preenche as linhas e períodos dessa prosa.
_____No enredo que me desenreda, desenho nas paredes da caverna, o que poderia ter sido. Entre significados e a polissemia de vozes que sussurram o que escrever, uma chama se acende, interrompendo o breu que me cerca.
_____A caverna iluminada, aos poucos tem suas paredes reduzidas ao pó. E antes mesmo que as pedras se movam contra nós, uma fresta se abre, apresentando as cores que certamente, pincelam as palavras dessa crônica.
_____A caverna se desfaz e do seu pedregulho, atiro contra o céu, pedrinhas para despertar algumas estrelas, adormecidas no firmamento.
Comentários
Postar um comentário