Ai de ti, Manaíra!

“Recordo-me de ti, porque você mora em mim. Assim como o horizonte se entrega ao teu mar esverdeado.”

REVISTA VICEJAR – LITERATURA ( Crônica )


Não sei bem, mas há dias que nos sentimos como aqueles poetas nostálgicos, perdidos e embriagados pela saudade. E por mais que tentemos ser fortes, ela continua lá, beliscando nosso coração e trazendo de volta, aquilo que o tempo nunca mais irá nos devolver.

Toda saudade é nomeada. Sentimos falta de pessoas, animais, épocas e lugares. É por isso, que escrevo: a praia de Manaíra é a minha saudade. Levo-a comigo latente e viva na memória. Posso visitar Miami Beach, praia da Ponta Negra, Copacabana, praia do Futuro, Boa Viagem, Pipa e outras mais badaladas. No entanto é Manaíra que me envolve e, me faz reviver a felicidade efêmera.

Ai de ti, Manaíra! Com seus coqueiros doadores de sombras, suas calçadas impregnadas de calor, refúgio de seus transeuntes. Será que eles sentem a mesma saudade que sinto? Talvez não, porque essa nostalgia que acalento foi dada exatamente por ti.

Beijada pela praia do Bessa e abraçada por Tambaú. Manaíra é testemunha das juras de amor entre os namorados, dos sonhos que ali foram idealizados, das noites estreladas quase infinitas.

Recordo-me de ti, porque você mora em mim. Assim como o horizonte se entrega ao teu mar esverdeado. Penso em ti, porque a maresia que sopras, para sempre irá desgrenhar meus cabelos no fim de tarde. Escrevo sobre ti, porque foram as tuas espumantes ondas, que brindaram minha alegria.

De todas foste a eleita. Tua beleza reluz na simplicidade que te enriquece. Nas ruas que me levaram a ti. Nas madrugadas que te enamorei em silêncio. Ai de ti, Manaíra! Nem mesmo os prédios da João Maurício, foram capazes de reter, o casamento entre o céu e o mar.

No mais, apenas memórias me fazem te sentir outra vez. Tu és livre para desaguar em qualquer coração. Tu és profunda e a minha vida é momentânea e rasa. Mesmo distante a milhas de ti, trago nos pés, a chama da tua areia, nos lábios, o sabor do teu sal. E no olhar, o pôr do sol a derreter os homens e navios.



 TEXTO: Mayanna Velame 
INSTAGRAM: @portugues_amoroso 
Mayanna Velame nasceu em Manaus, em 1983. É graduada em Letras - Língua Portuguesa, pela Universidade Federal do Amazonas. É cronista do jornal Comunicação Social de Aparecida do Norte. Escreve periodicamente contos, crônicas e poesias para os sites "Recanto das Letras" e "Texto Garagem".
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A articulista atua como Colaboradora deste Blog e o texto acima expressa somente o ponto de vista da autora, sendo o conteúdo de sua total responsabilidade.

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