Cazuzinha

“Sua alma sempre a pipocar

e pelejava os dias  

pintando o mundo pra danar.”

REVISTA VICEJAR – LITERATURA ( Poesia )



Tinha a tinta gravada na alma.

Vivia querendo ser pintor.

Mainha dizia:

“Oxente, por favô,

minino avuado.

Parece inté qui nasceu

das ideia abilolado!

Qui sonho bizonho

o desse pitoco...

Vive pintando mêimundo!

Tamanha lambança,

pint’ inté bigode de gato

amarelo queimado!”

Mas a imaginação

corria frouxa para Cazuzinha.

Sua alma sempre a pipocar

e pelejava os dias

pintando o mundo pra danar.

“Por hora, mainha,

o’cê não vê precisão.

Mas um dia, os homem, sabe?

... Vou precisá pintá seu coração.”






 TEXTO: Paula Freire 

FACEBOOK: https://www.facebook.com/su.lima834 

Natural de Lourenço Marques, Moçambique, reside atualmente em Vila Nova de Gaia, Portugal. Com formação académica em Psicologia e especialização em Psicoterapia, dedicou vários anos do seu percurso profissional à formação de adultos, nas áreas das Relações Humanas e do Auto-Conhecimento, bem como à prática de clínica privada. Desde muito cedo desenvolveu o gosto pela leitura e pela escrita, tendo colaborado regularmente com publicações em meios de comunicação da imprensa local. O desenho foi sempre outra das suas paixões, sendo autora das imagens de capa de duas obras poéticas lançadas pela Editora Imagem e Publicações em 2021. Há alguns anos, descobriu-se no seu ‘amor’ pela arte da fotografia onde aprecia retratar, em particular, a beleza feminina e a dimensão artística dos elementos da natureza.

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