“O que restava para nós, Marias, era apenas aproveitar os últimos segundos que ainda nos uniam. Pouco a pouco, cada Maria foi dizendo um breve adeus."
REVISTA VICEJAR – LITERATURA ( Crônica )
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_____Nos últimos dias, fui convidada pelas minhas ex-colegas de faculdade, para participar de um almoço, num determinado shopping. É óbvio que aceitei, não poderia negar. Tanto é que escolhi a melhor roupa do armário, aparei e pintei minhas unhas, com o esmalte mais bonito.
_____Durante o almoço, esquadrinhei as mesas que estavam ao meu redor. Muitos Josés também se confraternizavam. Foi maravilhoso relembrar os fatos ocorridos, debater o presente e questionar as incertezas do futuro. Saber quem casou, quem seguiu na carreira da docência ou quem de fato, continuou com os roteiros impostos pelo destino. Entre conversas, risadas, brindes e confissões. As horas começaram a materializar a nossa iminente despedida. A fugacidade do tempo é sempre inabalável.
_____O que restava para nós, Marias, era apenas aproveitar os últimos segundos que ainda nos uniam. Pouco a pouco, cada Maria foi dizendo um breve adeus. E, consequentemente, cada uma continuou levando dentro de seus corações, os mesmos sonhos, os mesmos medos e as mesmas necessidades. Sim, o almoço acabou, a comida nos fartou e o copo de cerveja esvaziou.
_____Voltei para casa, fazia lá fora uma noite de restritas estrelas. E naquele momento, senti-me como uma Maria sem José, uma Maria sem lar, uma Maria sem livros para ler, uma Maria sem forças para gritar.
_____A verdade, é que em alguma circunstância da vida, vamos nos encontrar dessa forma — com a sensação de que as épocas boas da nossa existência cessam, transformando-nos em Josés e Marias, deste mundo.
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