_____Ancorei as palavras desta crônica em alguns arrecifes do imenso e infinito mar. E qualquer parágrafo que aqui fora redigido, tornou-se pouco, para o vasto sentimento residente em mim.
_____Da maresia que me acordava nas noites sublimes, não me espantei em ouvir seu sussurro. Há tempos, estive sem esse alívio na alma. O mar é sempre soberano como o amor. E na viagem que me levou à Boa Viagem, pude ter a verdadeira constatação: quem vive perto do mar é mais feliz.
_____Em meus caminhos, a calçada esbranquiçada pela areia. Ao olhar para o Sul, o horizonte se desenhava como uma linha inerte, divisora entre os anjos e os peixes. Da efemeridade iminente, tornamo-nos seres hipnotizados. As ondas, salivas salgadas umedeciam meu instante e todos os pensamentos que cruzavam os oceanos e continentes.
_____Os coqueiros embalados, lembravam engenhosos bailarinos, enquanto Deus com suas mãos invisíveis, manuseava astuto o destino dos homens, no xeque-mate da vida.
_____Nós permanecemos à beira mar, agraciando a Lua que mais parecia uma roda cintilante, brincando de esconde-esconde com os farrapos de nuvens. Se eu pudesse findar as horas naquele momento. Contaria para todos que o mundo ainda é bom e mágico, quando está nas mãos de inocentes. E que nada, pode ser tão imperioso, quanto os sonhos que aninhamos em nosso coração.
_____Se tu soubesses o quão colossal é o amor, alcançaríamos os tesouros perdidos nas ilhas, conquistaríamos o além-mar e derrotaríamos os mais tenebrosos monstros marinhos existentes.
_____Mas assim, quis o mar, ser sempre emblemático e melancólico. Herói profético que abraça a terra e seus habitantes. Desfazemos as âncoras que nos acorrentam. Como navios singramos para o Norte. Perco meu juízo de vista, apenas uma minúscula luz cintila, contrapondo a escuridão marítima. Deve ser um farol a guiar os aspirantes marujos, feito eu e você.
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