Entre manobras radicais

“E, chega uma época que cai muito raramente, porque aprendeu as manobras mais difíceis.”

REVISTA VICEJAR – ARTIGOS E OPINIÕES


Reflexões sobre a vida são sempre bem-vindas, principalmente quando nos acrescentam algo novo e sábio. Mas, como a vida é um mistério, muitas vezes, na busca por respostas, acabamos andando em círculos e ficando mais perdidos do que estávamos antes.

Isso me lembra que, há muito tempo, um amigo da faculdade me falava sobre esse seu momento de profunda análise sobre a sua existência. Ele me disse: 

— Parei no ponto de ônibus e comecei a pensar na minha vida, nos meus problemas, e fiquei lá, pensando, pensando, pensando... Aí chegou uma hora que eu disse a mim mesmo: “Quer saber de uma? Quero pensar mais não. Quero pensar mais não. Quero pensar mais não. Deixa pra lá”.

Ele contou isso de uma forma hilária, que era típica dele, e me arrancou umas boas risadas. Basicamente, ele chegou à conclusão de que pensar no assunto estava trazendo mais angústia e confusão do que solução para os problemas, então o remédio era seguir fazendo o melhor possível e, logicamente, pensando menos sobre as dificuldades.

Histórias engraçadas à parte, recentemente uma amiga muito especial falava comigo sobre um ponto de vista seu muito sábio e muito interessante sobre a vida: 

— Eu acho que o amor é como se a gente fosse esquiar, sabe? Então você aprende a esquiar, mas você leva tombos de vez em quando, levanta, começa a esquiar de novo... Isso é da vida e do amor. Nessas duas etapas aí. A gente esquia, cai, levanta. Aprende a fazer manobras incríveis. E, chega uma época que cai muito raramente, porque aprendeu as manobras mais difíceis. Então eu não penso que a vida seja uma roda-gigante. Eu penso que a vida seja como você esquiar na neve, sabe? Até você conseguir aprender o equilíbrio certo, aí dificilmente você vai cair.

Eu amei a analogia. E ela prossegue:

— Porque, se a vida fosse como uma roda-gigante, ficaria meio difícil de segurar essa vida, porque você tá lá em cima, daqui a pouco você tá lá embaixo, daqui a pouco você tá lá em cima, depois tá lá embaixo. Então, seria todo o tempo essa giratória. Eu acho que é mais compreensível entender que você esquia na vida e escorrega na neve e se equilibra de novo, e você chega a aprender a fazer manobras radicais. E, quando você faz a manobra radical, você não cai, porque você já tem o equilíbrio. E eu acho que essa vida é isso...

Ela ressalta que nunca concordou com esse clichê de dizer que a vida é como uma roda-gigante, que questionava:

— A gente vai viver assim? Ela gira, e você vai pra baixo. Aí ela sobe, e você tá toda feliz, e ela vapu! no chão de novo. Não, isso aí tem alguma coisa errada. Foi onde eu sempre entendi que a vida é como esquiar na neve. Nos primeiros dias, você cai tanto, mas tanto, tanto. Leva tombo, machuca. Fica roxo, às vezes até quebra uma perna, um braço, um dedo. Mas você depois volta lá e vai de novo.

Eu achei a analogia perfeita. Tão perfeita que eu quis fazer essa crônica para eternizar, de algum modo, essa conversa tão linda que eu tive com essa amiga maravilhosa que costumo chamar carinhosamente de tia, que se chama Irene Maura.

Que tenhamos força, coragem e determinação para esquiar nessas montanhas geladas com tantos trechos desafiadores e inesperados. Isso é o que eu desejo para mim e para todos vocês.








 TEXTO: Elaine Regina Vaz 
INSTAGRAM: @elainereginavaz
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A articulista atua como Colaboradora deste Blog e o texto acima expressa somente o ponto de vista da autora, sendo o conteúdo de sua total responsabilidade.
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Comentários

  1. Muito lindo e singelo, este texto... Parabéns!....✨🤗👏👏👏👏👏

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