Nem tudo que voa é pássaro

“Ele não soube ler a poesia

Não soube ler nas entrelinhas...”

REVISTA VICEJAR – LITERATURA ( Poesia )



Apresentamos três textos do livro “Nem tudo que voa é pássaro”, Katzen Editora, de autoria da escritora Valéria Rezende. Nada melhor do que começar o mês lendo poesia!

 

À FLOR DA PELE

Já desejei ser fria

Não sentir

Tocar ou banir

Dor ou amor

Fúria ou ardor

Calar ou falar

Julgar ou condenar

Impossível ser

Renda-se

Não importa

Apenas viva

Sinta(se)

(Página 14)

 

ALMA TATUADA

Ele não soube ler a poesia

Não soube ler nas entrelinhas

Não soube ouvir o sorriso

Sentir o olhar

Que vigiava

Ou sequer o toque da mão

Que chamava

Explorar a mente

Ou agarrar o coração

Que explodia de paixão

Amor virou veneno

Veneno que consumiu

Dilacerou o corpo

Superou

Mas tatuou na alma

O que não será esquecido

(Página 26)

 

NA MOLDURA DE UMA JANELA

Feito braços estendidos

Os galhos de uma árvore

Se oferecem

A pássaros cantores

Colorindo e misturando

Cores com poesia

Borboletas bailam

No compasso

De uma leve brisa

Imagem retratada

Na moldura de uma janela

Embebecida eu estava

Até o balançar da cortina

(Página 42)









 TEXTO: Valéria Rezende 
Valéria Rezende é carioca, doceira e poeta. Casada e mãe de um casal de filhos, a autora da Zona Norte do Rio de Janeiro lançou, em 2019, a antologia poética NEM TUDO O QUE VOA É PÁSSARO. E continua sua jornada literária em O CAMINHANTE NA POESIA DO TEMPO, lançado esse ano, onde reúne contos e poesias.
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