Não deixes morrer os cravos de Abril

“Os anos vão passando, os grandes entusiastas vão morrendo, os seus sucessores, nem sempre herdam o mesmo fulgor, o mesmo amor, porque não vivenciaram os anos terríveis da Ditadura.” 

REVISTA VICEJAR – LITERATURA ( Crônica ) 



_____Neste mês de Abril, voltam sempre à tona do pensamento, aqueles dias de entusiasmo, alegria e esperança, despertados pelo som de uma canção, “Depois Do Adeus” que serviu de senha aos soldados envolvidos na mais extraordinária missão, alguma vez vivenciada pelo povo português, numa madrugada clara e decisiva, que nos conduziria por caminhos de progresso, justiça, paz e igualdade.

_____Os longos anos de solidão, guerra, opressão e tortura, vividos por tantos portugueses, obrigados a matar sem razão, a sair da sua terra porque nela não havia pão, a calar a sua opinião, porque a liberdade de dizer o que se pensava era uma condenação e uma entrada fácil nas masmorras das prisões, seriam finalmente enterrados, sem ser necessário conduzir ao cadafalso, ninguém, usando “cravos, nos canhões das espingardas”, cantando a voz de um povo amordaçado, de um povo submisso mas não conformado, de um povo trabalhador e ordeiro, mas com o direito de sonhar um futuro melhor, tudo isso contido, simplesmente, na mais linda melodia, “GRÂNDOLA VILA MORENA, TERRA DA FRATERNIDADE!”

_____Construir uma DEMOCRACIA era o grande objetivo a alcançar, escrever uma NOVA CONSTITUIÇÃO que salvaguardasse os direitos fundamentais de uma sociedade tão amargurada e explorada, que abrisse portas de oportunidades a todos os cidadãos, independentemente da sua condição social, do sexo, raça ou religião.

_____O DIA 25 DE ABRIL DE 1974 trouxe-nos a alegria de trabalhar, a certeza de um futuro mais justo e equilibrado, o incentivo a mudanças de paradigmas enfeudados, uma abertura ao mundo, nunca antes, possível.

_____A maioria do povo português rejubilou, acreditou, confiou nos ideais democráticos, reconquistou direitos que o fascismo lhe tinha retirado, como o direito de voto das mulheres, a liberdade de poder divorciar-se, quando as famílias o desejassem, assim como conquistar o que estaria longe de poder ser uma realidade, como se tornou o Serviço Nacional de Saúde, o direito à reforma, o direito a subsídios de férias e natal, a liberdade de expressão e de associação, enfim, tantas, tantas coisas que hoje parecem naturais, mas que até ABRIL DE 1974, não existiam.

_____Os anos vão passando, os grandes entusiastas vão morrendo, os seus sucessores, nem sempre herdaram o mesmo fulgor, o mesmo amor, porque não vivenciaram os anos terríveis da Ditadura.

_____Nem sempre os Ideais de Abril têm sido a norma seguida por quem nos representa na Assembleia da República, nem sempre os interesses comuns a toda a população têm tido lugar privilegiado, mas nada disso poderá ofuscar as grandes vantagens de viver em DEMOCRACIA.

_____Que os cravos de abril continuem vigorosos e perfumando os nossos dias, tal como há 49 anos.


Graça Foles Amiguinho nasceu em 13 de fevereiro de 1946, em Santa Eulália - Elvas, Portugal. Foi graduada no Curso de Magistério Primário, em 1965, tendo trabalhado em várias escolas no Alentejo, até 1969, e posteriormente vivendo e trabalhando no Distrito do Porto. Em 1984 teve um Programa semanal, numa Rádio Local de Gaia, intitulado “Pontos nos iis”, sobre Educação. Em 2005 editou o primeiro livro de Poesia “O Meu Sentir”. Em 2015, começou a escrever, semanalmente, uma Crónica, no jornal online, Elvasnews. Em 2018, editou o segundo livro de Poesia “Alma Alentejana” e musicou diversos poemas. Em janeiro de 2019, foi lançada a primeira Colectânea, que organizou com 41 autores, “Elvas à Vista”, musicando um poema para cada poeta inscrito. Em setembro de 2019, foi apresentada a segunda Colectânea, com 67 autores, de Portugal e Extremadura Espanhola, “Eurocidade, Badajoz, Elvas, Campo Maior” sob a sua coordenação, musicando vários poemas. Em fevereiro de 2020, editou o terceiro livro de Poesia “Não te disse Adeus” e musicou 6 poemas. Em setembro de 2020, organizou a terceira Colectânea “Raia Luso Espanhola, Literatura e Artes”, com 48 autores Portugueses e Espanhóis da Extremadura e Galiza, tendo musicado 6 poemas. Em dezembro de 2020, após ter contraído Covid, gravou em estúdio, o poema, com música sua, “Foram dias, foram anos”. Em fevereiro 2021, gravou o poema e música “Meu Alentejo Raízes ” e, ainda, foi convidada a colaborar no Blog online de “De Vella A Bella”, da Galiza. Em setembro do mesmo ano foi lançada a Colectânea “Cultura sem Fronteiras”, sob a minha alçada. A par da Colectânea, musicou 9 poemas de autores e 3 meus, e gravou o seu primeiro CD. Lançou a sua obra em Prosa e Poesia “Meu Alentejo, Saudade”. Também começou a colaborar, mensalmente, com uma Crónica, na revista “O Lusitano” de Zurique, como convidada. Tem outra obra, em colaboração com seu filho Rui Miguel Amiguinho Barros, intitulada “Poesia e Arte”, já editada. Ainda em 2022 será editada a primeira obra para crianças, "Cães e Gatos, Animais de Estimação". Em 2023 sairá o seu primeiro romance, "O Amor na Guerra". 

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