O amor e outras dores

"Se meu coração não bate em frenesi, autorizo essas letras tilintarem em teus ouvidos, feito uma melodia triste, da forma como os apaixonados amam escutar." 

REVISTA VICEJAR – LITERATURA ( Crônica ) 

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_____Fiquei a saber, que o coração de quem gosto, não pulsa por mim. Lá se vai o meu peito emudecer e compartilhar seu descontentamento, com as outras dores. De tantas cartas e mensagens, restaram cicatrizes, eternizadas nas folhas de papel. Elas irão te perseguir, de vez em quando, na sombra da tua memória.

_____Amei com devoção, o amor é uma prece diária, sem garantia de promessa. Suponho, que apesar do fim, meus gestos ainda te acompanharão. Assim como um pássaro que anseia contemplar o horizonte.

_____Devo dizer, ser possível viver sem amor, no entanto, sua visita é inevitável, seja ela diária ou esporadicamente. Por isso, traduzo tua ausência em pequenos silêncios, namoro as estrelas, embora já não me renda ao cintilar delas.

_____Permito que elas brilhem e na graça executada na noite. Eu apenas as observo, sem intuito de trazê-las para perto de mim. Não sei por quanto tempo, deixarei o amor quieto, intocável no seu canto. Incomodá-lo é minha sina.

_____Dizem que os poetas são seres apaixonados e apaixonantes. E a esse recado, prefiro não enviá-lo a ninguém. Na estiagem amorosa que atravesso, troco declarações de amor escritas a punho, pelo receituário médico.

_____Recentemente, conheci a labirintite. E logo, ela se apaixonou por mim. O amor é vertigem e a labirintite é só mais um complemento, das tormentas que enfrentamos. Nesse redemoinho que me disponho, rodo em busca de quê? Se meu coração não bate em frenesi, autorizo essas letras tilintarem em teus ouvidos, feito uma melodia triste, da forma como os apaixonados amam escutar.

_____Falar de amor ao extremo é uma pieguice que exalto. Salvem os patéticos e os coitados! As horas revoam, grilos cricrilam escondidos ao pé da janela. Para aliviar a tontura repentina, apanho meu medicamento. Nada de café, bebida alcóolica, chocolates... São tantas restrições, que os prazeres da vida se decompõem e se desmancham, como aquele último olhar, solto e perdido, na esquina da tua rua. 


 TEXTO: Mayanna Velame 
INSTAGRAM: @portugues_amoroso 
Mayanna Velame nasceu em Manaus, em 1983. É graduada em Letras - Língua Portuguesa, pela Universidade Federal do Amazonas. É autora do livro "Português Amoroso" (Editora Madrepérola/Maio de 2020). Escreve periodicamente contos, crônicas e poesias para os sites: "Revista Vicejar", "Revista Conexão Literatura", "Texto Garagem" e "Corvo Literário".
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