Acordei com os olhos embaçados

“E o sol apareceu sorrindo! Pássaros cantavam com todo fervor! As árvores ficaram mais verdes! Senti o perfume da manhã. E a vida começou a fluir..." 

REVISTA VICEJAR – LITERATURA ( Crônica ) 

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_____Assim que despertei naquela manhã, olhei em direção à janela e pensei "acordei com os olhos embaçados". Levantei-me e me aproximei da janela. Foi quando percebi que não eram meus olhos que estavam embaçados, era um nevoeiro. Daqueles grandes que nada se via.

_____Vou esperar um pouco, pensei, logo se dissiparia e o sol apareceria. Fui ao banheiro fazer minha higiene pessoal e depois me dirigi à cozinha. Bebi um copo d'água em jejum, como sempre faço, enquanto o aroma do café se espalhava pelo ar. Arrumei a mesa com capricho, reguei as plantas, alimentei os passarinhos que já me aguardavam na varanda.

_____Direcionei o olhar ao céu e percebi que aos poucos foi sendo revelado, como uma cortina abrindo-se. E o sol apareceu sorrindo! Pássaros cantavam com todo fervor! As árvores ficaram mais verdes! Senti o perfume da manhã. E a vida começou a fluir...

_____Não, a vida já estava fluindo, eu já estava fluindo! Porque tudo está sempre em movimento, mesmo quando nossa mente, ansiosa pelo futuro, não percebe. Então, quando seus olhos estiverem embaçados, lembre-se que tudo passa.


 TEXTO: Valéria Rezende 

Valéria Rezende é carioca, doceira e poeta. Casada e mãe de um casal de filhos, a autora da Zona Norte do Rio de Janeiro lançou, em 2019, a antologia poética NEM TUDO O QUE VOA É PÁSSARO. E continua sua jornada literária em O CAMINHANTE NA POESIA DO TEMPO, lançado esse ano, onde reúne contos e poesias.
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